sexta-feira, 29 de julho de 2022

Questão de respeito

 

#DinheiroVivo – À medida em que a tecnologia avança, uma infinidade de costumes vai sendo substituída, o que é normal. Porém, toda prudência é pouca e serve de alerta aos governantes, autoridades políticas e líderes da sociedade para não deixarem parte da população à margem das atividades diárias, por não conseguir acompanhar as mudanças, notadamente as pessoas idosas.

 

Conforme relatório do Banco Central (BC), atualmente, 4% dos brasileiros não utilizam mais dinheiro vivo, substituindo-o pelo cartão, acionando o débito que já ultrapassou a modalidade de crédito. Ainda de acordo com o BC, em 2013, 35% dos entrevistados afirmaram utilizar o cartão de débito como principal forma de pagamento. Em 2018, o crescimento saltou para 52%.

 

Mesmo para compras de valores pequenos, como as de pães, cada vez mais se vê a utilização do cartão. Além da facilidade, a falta de troco e a incidência de assaltos estimulam a substituição. Vale destacar a modalidade de delivery, que também admite pagamentos no ambiente virtual, e afugenta mais ainda a operação em dinheiro vivo.

 

Apesar da praticidade, a tecnologia assusta os mais idosos que deixam de acompanhar a evolução tecnológica, até por apego às tradições. Não bastasse a celeridade das transformações, há absoluta insensibilidade das autoridades para preservar o uso de dinheiro vivo. Repito, para grande camada da população que não se adapta facilmente às modificações.

 

Pior, tramita na Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, um projeto de lei que objetiva acabar com a moeda circulante no Brasil, substituindo-a por pagamentos por meio digital. Pasmem, propõe sepultar até cartões de crédito e de débito em até cinco anos. Este seria o prazo para extinção de todas as moedas e cédulas do Real.

 

O próprio BC, em estudo durante a pandemia, confirmou o aumento no uso do dinheiro vivo: 29% dos brasileiros recebem o salário em dinheiro vivo; 60% usam dinheiro com mais frequência que o cartão; 99% dos comerciantes aceitam pagamentos em dinheiro vivo.

 

A esperança é a última que morre. Segundo o BC, existem 8,4 bilhões de cédulas em circulação no País, totalizando R$ 342 bilhões, e mais 27,5 bilhões de moedas, que equivalem a R$ 7,2 bilhões, que não deixarão preocupada uma parcela significativa da população.

 

Gente, vamos ficar atentos e alertar o deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG), autor do projeto de Lei (PL 48/15), que objetiva acabar com a circulação de dinheiro vivo no Brasil. É fundamental que ele retire esta proposta da pauta de votações, em respeito aos brasileiros que prescindem da utilização do dinheiro vivo em suas atividades diárias. Muitos, sequer, têm aparelho celular para ligações. Imagine para pagamentos digitais! #QuestãoDeRespeito

 


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

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