terça-feira, 22 de agosto de 2023

Crise do mercúrio

 

#Contaminação – Pesquisa inédita realizada de março de 2021 a setembro de 2022 pela Escola Nacional de Saúde Pública Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), junto com outras renomadas instituições, constatou em 1.010 peixes, consumidos pela população de seis estados da região amazônica, níveis de contaminação por mercúrio, metal mortal aos seres vivos, acima do limite aceitável (maior ou igual a 0,5 micrograma por grama), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Em média, o índice de contaminação encontra-se 21,3% acima do recomendado. A causa é a atividade de garimpos ilegais que usam o mercúrio para separar o ouro de outros sedimentos descartáveis.

 

Para se ter ideia, no Estado de Roraima, 40% dos peixes analisados possuem índices de mercúrio superiores ao limite legal. No Amazonas, há cidades em que mais de 50% dos peixes estão contaminados. Além de Roraima e Amazonas todos os rios do Acre, Amapá, Pará e Rondônia estão contaminados. As amostras indicam que 80 espécies de peixes vendidos nos estabelecimentos comerciais desses estados estão contaminados com o metal.

 

Os médicos apontam a gravidade do problema, porque o mercúrio é um elemento metálico tóxico em razão da capacidade de bioacumulação. Não é eliminado pelo organismo e, portanto, acumula-se no corpo ao longo da vida. Dentre diversos sintomas, estão fadiga, falta de sensibilidade nos membros superiores e inferiores, distúrbios nos sistemas digestivo, nervoso e renal, no fígado, rins e alteração na coordenação motora, além de quadros psicóticos.

 

O consumo de água e dos alimentos contaminados, além do manuseio de mercúrio no ambiente de trabalho, sem a devida proteção, comprometem a saúde humana e dos animais, levando-os à morte.

 

Portanto, além de cessar desmatamento e queimadas da floresta amazônica, o impedimento imediato do garimpo ilegal se faz uma necessidade absoluta e prioritária dos poderes públicos.

 

Transcrevo o alerta da Fiocruz sobre a contaminação de mercúrio: “Recomendamos às autoridades públicas ter maior controle do território amazônico, com efetiva fiscalização, combate e erradicação do garimpo ilegal em toda sua extensão, como também sobre quaisquer outras fontes emissoras de mercúrio”. #CriseDoMercurio

 

(Foto: Fiocruz/UFOPA/Greenpeace/Iepé/ISA/WWF-Brasil/Divulgação)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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