#DesmonteAmbiental – Se esperávamos
que, no novo governo, o meio ambiente e a defesa dos povos indígenas teriam os devidos
ajustes com proteção e preservação, ficamos a ver navios. Por não ter apoio
parlamentar suficiente no Congresso, principalmente na Câmara dos Deputados, o
atual governo sofreu uma derrota devastadora. Refiro-me ao Projeto de Lei que
institui o Marco Temporal. Os parlamentares modificaram a proposta, concedendo
brechas para o garimpo e abertura de estradas em terras indígenas. Um
retrocesso total para o meio ambiente e prejuízo gigantesco para o Brasil.
Além das perdas ao meio ambiente e às
terras indígenas, as consequências são desastrosas para as áreas econômicas e
sociais. Afinal, vivemos num mundo global, como se fosse uma única aldeia. Nações
importadoras da maior riqueza atual do Brasil, os produtos agropecuários (commodities), fazem questão de selo de
qualidade, comprovando a origem e a isenção de quaisquer agressões ao meio
ambiente e ao consumidor pelo país exportador.
Além dos produtos de exportação, os
fundos de investimentos internacionais de que o Brasil tanto necessita para o
desenvolvimento sustentável sofrem riscos enormes de cortes. Incluem-se as
contribuições ao Fundo Amazônico de países como Noruega, Dinamarca e Alemanha.
Infelizmente, os deputados federais
esquartejaram as estruturas dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos
Indígenas, tirando-lhes competências para combater o desmatamento e o garimpo
ilegais, a grilagem de terras, o mau uso dos recursos hídricos e o descarte
irregular de resíduos e efluentes. Mais ainda, mudaram as leis vigentes em
defesa da Mata Atlântica, nas regiões litorâneas de norte a sul do Brasil,
flexibilizando-as contra as restrições atuais existentes sobre o que sobrou desta
reserva. Os parlamentares também desfiguraram o Ministério dos Povos Indígenas,
entendendo que eles detêm áreas desproporcionais ao número de habitantes.
Não adianta o Congresso afirmar que
devemos explorar nossos minérios antes que os estrangeiros invadam o País. Não
adianta se preocuparem com o aquecimento global, acusando os organismos
internacionais, inclusive a ONU, à medida em que implodem o próprio país, as
leis restritivas e as estruturas ministeriais de proteção socioambiental, que são
sinônimo de desenvolvimento sustentável.
Infelizmente, o governo muda os rumos
e começa a atender às pressões do Centrão, referentes à liberação de mais
ministérios, mais cargos e emendas parlamentares, sem cobrar sensibilização
quanto às perniciosas mudanças nas estruturas administrativas.
Salvo algumas lideranças da sociedade
civil que aparecem com suas justas críticas, o restante, envolvendo grandes
representações de agropecuaristas, industriais, comerciais, de serviços e de
profissões liberais, todos permanecem calados e passivos, vendo o bonde passar.#TristeRealidade
(Imagem de queimada em Apuí, no Amazonas: Christian Braga/Greenpeace)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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