#EstadoDeAlerta – Repetidas vezes faço comentários
sobre a educação e ensino no Brasil. São considerações fundamentais para a
formação cívica e profissional das crianças e jovens, objetivando um futuro
promissor e digno, num mundo extremamente competitivo. Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD) e o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE),
conjuntamente com a Organização das Nações Unidas para a Infância (Unicef),
realizaram estudo recente e inédito sobre a pobreza multidimensional na
infância e adolescência. O resultado é alarmante! O número de crianças analfabetas,
de 7 a 9 anos, dobrou entre 2019 e 2022. Subiu de 20% para 40%, por conta da
pandemia que restringiu as aulas regulares. Significa que, do total de 52,8
milhões de crianças nessa faixa etária, 31,9 milhões não sabem ler e escrever.
Faço constante crítica aos governos que,
seguidamente, não investem no ensino como um todo, em especial, na qualidade,
deixando o País de joelhos. Crianças e adolescentes são privados de renda, de
alimentação, de saúde, de moradia, de transporte, de lazer, de informação e de
saneamento.
A pesquisa demonstra também que segue persistente a
desigualdade social, assim como as grandes diferenças de caráter regional, haja
vista a gigantesca dimensão territorial do Brasil. Nesse quesito, a enorme
desigualdade de direitos aparece na comparação. Enquanto no Amapá, 91,7% das
crianças e adolescentes sentem algum tipo de privação, em São Paulo, esse
percentual é de 35,7%.
Diferente de outros países, a pandemia teve consequências
trágicas no setor educacional. O Brasil foi o 4º país que teve o fechamento
mais longo das escolas (1 ano e meio), com crianças e adolescentes deixando de
aprender e, pior, sofrendo regressão no aprendizado. A recuperação é um
processo longo, com efeitos desastrosos para o resto da vida.
Ao final, o estudo demonstra que, em 2019, 19% das
crianças e adolescentes não tinham renda suficiente para alimentação adequada e,
em 2022, o percentual subiu para 20%.
Fica o alerta geral aos governos e à sociedade
civil organizada para se atentarem, principalmente, às famílias vulneráveis que
necessitam cuidados redobrados a fim de superarem o atraso no aprendizado de
suas crianças e adolescentes. Caso contrário, cada vez mais os brasileiros ficarão
à mercê dos países desenvolvidos. #AnalfabetismoInfantil
Junji Abe, produtor e líder
rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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